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Setor fotovoltaico deverá gerar mais de 281,6 mil novos empregos em 2024



O Brasil está cada vez mais próximo de ser tornar um grande líder mundial no setor fotovoltaico. Atualmente, está entre os dez maiores geradores de energia solar, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena).

Neste primeiro mês de 2024, o país ultrapassou a marca de 37 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Esse volume equivale a 16,3% da matriz elétrica nacional, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Com isso, a modalidade é a segunda maior ficando atrás apenas da hídrica que tem participação de aproximadamente 50%.

Desde 2012, a fonte solar trouxe ao Brasil mais de R$ 179,5 bilhões em novos investimentos, cerca de R$ 50,3 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou cerca de 1,1 milhão de empregos acumulados. Também evitou a emissão de 45,2 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade. 



Este cenário promissor abre oportunidades para profissionais da engenharia, agronomia e geociências. A estimativa da associação é que, ainda neste ano, sejam injetados R$ 38,9 bilhões no setor e sejam criados mais de 281,6 mil novos postos de trabalho, nas cinco regiões brasileiras. Somado a isso, mais de 11,7 bilhões poderão ser arrecadados pelo governo.

Na avaliação do CEO da Absolar, mestre em engenharia elétrica e doutor em engenharia de materiais Rodrigo Sauaia, o segmento tem potencial expressivo para geração de emprego de qualidade. “Para cada um megawatt instalado no ano, a energia solar gera 30 empregos, um número significativo. Hoje, ela é responsável por mais de um terço de todos os empregos de energia renovável do planeta”, ressalta Sauaia em entrevista ao site do Confea sobre as perspectivas do mercado de trabalho nesta área. Confira: 


Site do Confea: Quais as principais novidades tecnológicas que o setor de energia solar apresenta no cenário atual e promete para os próximos meses? Rodrigo Sauaia: A energia solar fotovoltaica é uma tecnologia muito versátil. Hoje a gente vê muitas aplicações em bens de consumo como power bank, mochila, barraca, guarda-sol e cooler em que você capta o sol e guarda a energia em uma bateria para carregar celular ou caixa de som. Você tem também barco, carrinho de golfe e ônibus, além de avião. Há experiências avançadas com protótipo de carro 100% movido a energia solar. Tem até vestimenta com células fotovoltaicas flexíveis, e são diversos os materiais construtivos que podem substituir os tradicionais. Uma fachada de mármore ou granito é bonita, mas é cara e não produz nada. Agora, com uma fachada de módulo fotovoltaico, a edificação ganha a aparência futurista e a funcionalidade de produzir energia elétrica.



“Sistemas fotovoltaicos precisam ser projetados por engenheiros credenciados junto ao Sistema Confea/Crea e com ART. Estamos falando de geração de energia elétrica, uma tecnologia que demanda conhecimento especializado e requer segurança”, alerta o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia


Site do Confea: Esse tipo de tecnologia tem sido aplicado em outros setores e atividades produtivas? Rodrigo Sauaia: Sim, a agrovoltaica, por exemplo, é a combinação de energia solar com uma atividade produtiva no campo, na mesma área. Imagina que você tem uma criação de ovelhas ou uma produção de cana-de-açúcar coberta por sistema fotovoltaico suspenso, com altura capaz de permitir inclusive a passagem de tratores e colheitadeiras. Outro exemplo é a solar fotovoltaica flutuante. Em vez de você usar uma área de terreno, você aproveita uma área em barragem, açude, lago ou até no mar. Este modelo é interessante, do ponto de vista ambiental, porque ajuda a reduzir a evaporação da água em até 70%.


Site do Confea: Quais as oportunidades para os profissionais que pretendem trabalhar neste segmento? Rodrigo Sauaia: O Brasil está entre os dez maiores mercados de energia solar do mundo e, por conta disso, temos inúmeras oportunidades para quem trabalha com engenharia porque é fundamental dizer que os sistemas fotovoltaicos precisam ser projetados por engenheiros eletricistas credenciados junto ao Sistema Confea/Crea e com Anotação de Responsabilidade Técnica, a ART. As empresas que atuam junto ao setor também precisam estar registradas porque estamos falando de geração de energia elétrica, uma tecnologia que demanda conhecimento especializado e requer segurança. Também é muito comum que engenheiros civis, que trabalham com a parte estrutural de edificações, participem do processo de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, avaliando a capacidade dos telhados de sustentar o peso do sistema. Além disso, a fase de obra civil, na preparação do terreno e fixação de estruturas de suporte, demanda engenheiros civis, mecânicos e eletricistas. Engenheiros químicos trabalham muito na parte de desenvolvimento, pesquisa e inovação. As engenharias de energia e de materiais também têm sinergia com o setor. Já a meteorologia é parceira das fontes renováveis do ponto de vista preditivo. Com apoio de softwares, modelos matemáticos e medições em campo, é possível fazer previsões de disponibilidade do recurso solar, identificar regiões que têm maior potencial para tecnologia e gerenciar essa energia produzida de forma mais eficiente e estratégica. Na área geológica, é importante dizer que todas essas tecnologias utilizam minérios em equipamentos geradores de energia limpa e renovável. Lembrando ainda que existe espaço para aprimoramento desses processos produtivos de extração e processamento desses minérios para torná-los mais sustentáveis, com menos uso de água e menor geração de rejeitos, em alinhamento com esse esforço de construir uma sociedade cada vez mais sustentável.


Site do Confea: Quais dicas você daria a um profissional que está pensando em apostar na carreira dentro da área fotovoltaica? Como ele pode se preparar da melhor forma para deslanchar neste segmento tão tecnológico e promissor, com viés ambiental e que demanda excelência? Rodrigo Sauaia: O profissional precisa estar em constante evolução, em processo de aprendizado contínuo. Muitos desses conhecimentos de vanguarda ainda não estão incorporados aos cursos tradicionais de engenharia, então é importante que esse profissional busque formações complementares, seja por meio de uma pós-graduação, mestrado, doutorado ou cursos focados naquele segmento em que ele quer atuar. Além disso, temos visto a integração das tecnologias digitais e tecnologias da informação cada vez maior. Então, é essencial que esse profissional busque se familiarizar com os programas de computador e as novas tecnologias que são aplicadas especificamente no mercado em que ele tem interesse de atuar. É importante dialogar com as empresas e conhecer as vagas de mercado disponíveis, até para que ele possa se planejar e atender aos requisitos. Caso o profissional queira empreender, é fundamental complementar o conhecimento técnico com formação nas áreas gerencial, administrativa e financeira. E para se diferenciar no mercado, é interessante buscar certificação profissional ou para sua empresa.  



"Para a próxima década, a previsão é de que o Brasil se torne o quinto maior mercado de energia solar, como aponta estudo da consultoria Wood Mackenzie. Neste ranking, o Brasil será superado apenas pela China, Estados Unidos, Índia e Alemanha, e estará à frente de nações como Japão e Coreia do Sul"


Site do Confea: E para quem tem a oportunidade de fazer intercâmbio, quais países oferecem as melhores opções de especialização? Rodrigo Sauaia: Existem vários mercados que são interessantes, como o europeu que utiliza muito a energia solar e tem centros de pesquisa e universidades com muita reputação. Na Alemanha, há o Instituto Fraunhofer; na França, temos o Instituto Nacional de Energia Solar; na Espanha, a Universidade Politécnica de Madrid. Já nos Estados Unidos, há o National Renewable Energy Laboratory. Além disso, a Austrália é um país que historicamente teve papel relevante na pesquisa, desenvolvimento e inovação por meio de instituições como a University of New South Wales e a Australian National University. Entre as grandes potências asiáticas, estão o Japão que investe em pesquisa e a China que é o maior mercado e mais produz patentes de energia solar e tem quebrado recordes mundiais de eficiência de células fotovoltaicas. Já a Índia tem recebido investimentos governamentais robustos e tem muita oportunidade para desenvolvimento de infraestrutura.


Site do Confea: Por último, quais as prioridades da Absolar na articulação junto ao governo para fazer com que as políticas públicas da área prosperem e o setor siga avançando?Rodrigo Sauaia: A Absolar tem hoje um conjunto de sete frentes de trabalho, que chamamos de grupos de trabalho estratégicos, e ainda duas forças-tarefas. Atuamos junto ao governo federal, estados e municípios para ajudar esse setor a continuar se desenvolvendo e crescendo com robustez e abrindo novas oportunidades. No segmento da geração solar distribuída, aquela instalada nos telhados de casas, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, estamos atuando pela implementação da Lei 14.300 de 2022, justamente um resultado do trabalho que fizemos em parceria com o Confea para que houvesse esse marco legal estável, previsível e transparente para o setor e para os consumidores, garantindo o direito do consumidor de gerar e usar a sua própria energia renovável que ele produz localmente. Esse marco legal foi aprovado e agora ele precisa ser bem implementado e existem pontos da lei que estão sendo descumpridos pelo governo federal e pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel. Nas grandes usinas solares, que a gente chama de geração centralizada solar fotovoltaica, temos atuado especialmente para que o acesso à rede de transmissão aconteça de forma mais célere e eficiente. Quanto ao tema armazenamento de energia elétrica em baterias, temos trabalhado junto à Agência Nacional de Energia Elétrica pela construção de uma regulamentação para o uso dessas baterias no Brasil. Esse é um passo fundamental para trazer segurança jurídica para os consumidores, e para os investidores adotarem essa tecnologia. Junto ao governo federal, temos atuado para reduzir a carga tributária porque os impostos dessas baterias chegam a 85%. É um absurdo. É mais imposto do que para tabaco e bebida alcoólica. Esses impostos exorbitantes inviabilizam várias aplicações da tecnologia. Por isso, a nossa recomendação ao governo é para que equipare a carga tributária das baterias à de energias renováveis. Se ele fizer essa redução para o mesmo nível das fontes renováveis, a gente vai criar novas aplicações e oportunidades de mercado para essas baterias.



Julianna Curado 

Equipe de Comunicação do Confea, com informações da Absolar

Fotos da matéria: acervo Absolar. Foto da homepage: Confea


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